O Ecomuseu

Ribeira de Pena é um concelho de fronteira entre o Minho e Trás-os-Montes, onde se encontram o Alvão, o Barroso e o próspero vale do Tâmega. Fruto desta situação, possui um património rico e peculiar, de contrastes e simbioses que estão na origem de uma identidade muito própria caracterizadora da sua comunidade.


O Ecomuseu de Ribeira de Pena pretende preservar e divulgar o património cultural da comunidade ribeirapenense, assim como promover e dinamizar a ação cultural na sua região de implantação.










terça-feira, 28 de abril de 2020

Museu da Semana 6 - A Casa de Camilo|Friúme


Quando Camilo Castelo Branco desceu de Vilarinho da Samardã para Ribeira de Pena, atravessando as áridas paisagens do Alvão, seria um rapaz imberbe, com apenas quinze anos feitos. Convivendo com o drama da orfandade, integrado numa família para quem era mais um encargo do que alegria, Camilo começava a despontar para a vida, para o amor, para o sonho e para a ansiedade de possuir o mundo. Certamente que ao vislumbrar todo o vale do Tâmega verdejante, viçoso, a seus pés, tenha sentido arroubos de liberdade.

 

Pormenores da Casa de Camilo|Friúme

Esperava-o, lá no fundo, junto ao rio, sua prima Maria do Loreto, casada com um lavrador da Casa do Moreira, em Friúme. Nesta aldeia, Camilo conviveu com o boticário Macário Afonso que lhe ensinou a jogar “às damas e ao gamão”; com o tabelião José de Mesquita Chaves, de quem foi “amanuense”; com os fidalgos da Casa de Fontes com os quais organizou entremezes. Frequentou as aulas do Padre Manuel da Lixa, na Granja Velha “sujeito de não vulgar lição e bom velho, sobretudo”. Calcorreou rios e montes atrás de trutas e de coelhos. Com apenas 16 anos casou na Igreja do Salvador a 18 de Agosto de 1841 com Joaquina Pereira de França. Camilo conta que saiu de Ribeira de Pena fugido “aos punhos de um morgado visigótico”, que ridicularizara em versos escritos em folhas de papel de almaço. Fugiu, deixando Joaquina grávida de Rosa, sua primeira filha.

 

A família de Joaquina e as folhas de papel de almaço 

Que ficou de tudo isto? Páginas inesquecíveis onde a memória de Ribeira de Pena perpassa com grande riqueza de elementos. Personagens como Santo da Montanha ou o Fidalgo Mendigo, delírios como os do Fantasma do Capitão-Mor de Santo Aleixo ou o enredo de “Como Ela o Amava”. Essa pequena jóia da literatura portuguesa, a “Maria Moisés”, é toda ela ribeirapenense. Seguramente, Ribeira de Pena não era terra para Camilo Castelo Branco. Mas a sua arte teria sido bem mais pobre sem o manancial humano que o escritor aqui bebeu em dois curtos anos de vida.


 



As exposições permanentes da Casa-Museu

A habitação onde Camilo viveu com Joaquina é hoje um espaço incontornável de passagem para quem visita a região. Transformada em Casa-Museu, serve de ponto de contacto com a obra camiliana e com os roteiros existentes no concelho, o Roteiro Camiliano e o Roteiro Maria Moisés, que percorrem espaços ligados à vida e obra do escritor. Permite conhecer uma fase mais humilde da sua vida, contudo uma fase fundamental para a construção da sua personalidade e do génio que caraterizou a sua literatura. Acolhe as exposições permanentes “Camilo e Ribeira de Pena” e “Olhares Camilianos, que introduzem a visita aos aposentos de Camilo e Joaquina. Além de sua primeira esposa e família, o visitante tem ainda a oportunidade conhecer Rosa, a primeira filha de Camilo.

 

 

Os aposentos de Camilo e Joaquina

Além de preservar o espólio material e imaterial ligado à vida e obra de Camilo, a Casa-Museu é ainda um espaço dinamizador da animação camiliana na região e de fruição da literatura Camiliana, permitindo ao visitante acesso ao "Cantinho da Leitura", uma pequena biblioteca onde se poderá perder nas histórias intimamente ligadas ao concelho de Ribeira de Pena.

 

 

Um espaço que marca a cultura da região

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