O Ecomuseu

Ribeira de Pena é um concelho de fronteira entre o Minho e Trás-os-Montes, onde se encontram o Alvão, o Barroso e o próspero vale do Tâmega. Fruto desta situação, possui um património rico e peculiar, de contrastes e simbioses que estão na origem de uma identidade muito própria caracterizadora da sua comunidade.


O Ecomuseu de Ribeira de Pena pretende preservar e divulgar o património cultural da comunidade ribeirapenense, assim como promover e dinamizar a ação cultural na sua região de implantação.










sexta-feira, 17 de abril de 2020

Museu da Semana 4 - Outros locais

 Além dos monumentos já identificados, existem no concelho de Ribeira de Pena outros locais classificados ou em vias de classificação que abordaremos de seguida.


Está classificado como Conjunto de Interesse Municipal o conjunto de Moinhos de Bustelo.
Localizado ao longo do Rio Lourêdo, junto ao limite com o concelho de Vila Pouca de Aguiar, este conjunto de moinhos é revelador da energia que caracteriza este curso de água. Composto por treze estruturas, apresenta várias baterias de moinhos aproveitando a orografia do terreno com o auxílio de pequenas levadas. Particularidades são a existência de um moinho com três mós, testemunho da capacidade produtiva de outros tempos, e a existência de um pisão, estrutura que permitia trabalhar a qualidade das mantas de lã com o auxílio da força das águas. Grande parte do conjunto encontra-se hoje em ruínas, preservando-se apenas dois moinhos ainda em funcionamento junto à aldeia de Bustelo, um dos quais conhecido como “Moinho do Povo”. A classificação do conjunto foi deliberada em Acta da Assembleia Municipal de 28-12-2007.

Encontram-se ainda em vias de classificação pela Direção-Geral do Património Cultural três locais do concelho de Ribeira de Pena.


Um desses locais é o Menir de Alvadia, também conhecido como Pedra d’Anta, localizado numa zona denominada de Veiga de Anta, próximo da estrada entre Alvadia e Macieira. Trata-se de um menir de grandes dimensões, com 4,30 metros de comprimento. Apresenta uma base rectangular desenvolvendo depois um corpo de duas faces que termina em forma elíptica. Encontra-se fora da sua posição original, vertical, tendo sido retirado há várias décadas com vista à reutilização da sua pedra. Actualmente apresenta-se deitado junto ao seu local de implantação original. Na face visível possui duas cruzes gravadas que não serão únicas no monumento. Este menir encontra-se num ponto importante de acesso natural entre a Serra do Alvão e o vale de Cerva, o que sugere uma função de ordenamento territorial. Próximo deste, a Noroeste, existiu um outro mais pequeno cuja pedra terá sido reutilizada. É também provável que tenham existido mais monumentos megalíticos nas proximidades, o que é indicado pelo topónimo de “Veiga de Anta” que designa o lugar onde hoje existe uma zona de cultivo.


Outro local é a Necrópole da Póvoa, situada na periferia Norte da aldeia da Póvoa. Trata-se de um conjunto de sepulturas escavadas na rocha granítica que terá constituído parte de um antigo cemitério de provável origem altimedieval. Num total de quatro exemplares visíveis, dois possuem ainda forma antropomórfica, ou humana, encontrando-se os restantes apenas parcialmente visíveis. Localiza-se junto a um caminho com marcas de rodados de carroças que foi parte da antiga estrada real de ligação entre o Minho a Trás-os-Montes pela Ponte de Cavês, rumo a Gouvães da Serra e ao Castelo de Aguiar. Este caminho foi a principal ligação da região, pelo menos desde a Idade Média até ao final do século XIX, altura em que é construída a atual E.N 206. Esta necrópole poderá ainda estar ligada à existência de um povoado Pré-Histórico nas proximidades que terá tido ocupação romana e que estará na origem da aldeia da Póvoa, muito anterior ao conjunto de casas dos séculos XVII e XVIII que caracterizam o actual povoado.


Também a Ponte de Lourêdo se insere neste grupo, hoje pouco utilizada devido à perda de importância do caminho que serve. No entanto, esse caminho serviu durante séculos quem pretendia deslocar-se entre Ribeira de Pena e Cerva, ligando os Seixinhos a Vilarinho, representando, a par com a ponte da Póvoa, a única forma segura de atravessar o Rio Lourêdo. De estrutura em pedra de granito, possui um tabuleiro em forma de cavalete, com a particularidade de, no lado de Vilarinho, o tabuleiro ficar direito por ligar a um nível superior do terreno. Possui um arco de grandes dimensões, em forma de ogiva e ligeiramente abatido com aduelas longas e estreitas. Possui guardas em pedra e o pavimento calcetado, onde ainda é possível visualizar as marcas profundas deixadas por séculos a servir de passagem a carros e carroças. De provável origem medieval, como atestado pela estrutura gótica e pela antiguidade do caminho que serve, preserva ainda uma paisagem bucólica que a envolve.

Merecem ainda referência os locais que estiveram já em vias de classificação, mas cujo processo foi encerrado sem resultar em qualquer medida de proteção.


Um destes locais é a aldeia de Limões. Localizada numa encosta do Alvão, na região Sul do concelho, a sua economia é fundamentalmente dedicada à produção agrícola e à pecuária. É sobretudo conhecida pelos seus linhos rifados, a que a tradição atribui grande riqueza decorativa e perfeição e que no passado terão estado entre os gostos mais nobres da região. Esta aldeia possui um núcleo central de casas em pedra talhada, algumas delas casas rurais de grande riqueza, em grande parte construídas nos séculos XVII e XVIII. Foi precisamente este núcleo que recebeu um procedimento de classificação como Conjunto de Interesse Público pelo então IPPAR. A origem do povoado, no entanto, será medieval, época que nos dá notícia de passagem no local de um caminho de ligação a Vila Real ao longo do qual se terá estruturado o povoado. A sua desclassificação deveu-se sobretudo a factores de ordem comunitária, relacionados com o bem-estar dos seus habitantes.


Outro local é a Ponte de Arame sobre o Rio Tâmega. Trata-se de uma construção datada de 1913 tendo a sua construção motivada pela necessidade de ligação entre as duas margens ao longo do Inverno, quando o caudal do Tâmega encobre as diversas poldras e açudes e torna a travessia por barca perigosa. Quando esta ponte foi construída, apenas existia nas proximidades um pontão entre Balteiro e Viela, o Ponderado, que facilmente fica submerso impedindo a ligação entre os habitantes das duas margens. Trata-se de uma ponte de madeira suspensa em cabos de arame retorcido, hoje reforçados por cabos de aço, com portais de pedra em ambas as margens. A sua travessia, devido a estas características, revela-se uma experiência inesquecível, complementada pela paisagem bucólica que o Rio Tâmega oferece. Foi uma travessia importante até à construção da nova ponte de pedra em 1963, cem metros a montante, que serve hoje a E.M. 312. De acordo com a lenda, a sua construção foi motivada pela falta de bacalhau por altura da Consoada, num ano em que o rio impossibilitou o seu fornecimento. Foi então engendrado um plano para a colocação de uma corda a ligar as duas margens, que possibilitaria o fornecimento do desejado bacalhau por meio de uma roldana. A tentativa de ligar as margens, no entanto, terá saído gorada pela falta de potência dos foguetes utilizados para lançar a corda, ou a falta de engenho dos intervenientes de então. Ex-líbris do concelho, encontra-se em trabalhos de relocalização devido à construção da Barragem de Daivões que irá em breve inundar este local.

Percorra aqui o roteiro completo.