A Exposição
“Quem segue do Arco de
Baúlhe, pela estrada que passa a Ponte de Cavês, para Ribeira de Pena, após ter
percorrido uns bons quilómetros, encontra de surpresa esta povoação no centro
de um formoso vale, que constitui uma das mais formosas paisagens do Norte do
País, aliando às belezas da província minhota a imponência severa das serras
transmontanas. O solo é exuberantemente fértil e as suas produções agrícolas
podem contar-se entre as melhores das regiões limítrofes.”
Américo Costa in "Dicionário Corográfico de Portugal, Vol.X"
A paisagem é ainda marcada por um povoamento disperso, de onde sobressaem os solares, igrejas e capelas ricamente decoradas. Esta paisagem, dominante nos vales e encostas, contrasta com a realidade das serras, onde é visível o domínio dos pastos, da criação de gado e da pastorícia, entre um povoamento aglomerado, de modestas construções e uma paisagem agreste dominada pela vegetação serrana.
A predominância da agricultura na economia local levou ao enraizamento de toda uma série de tradições associadas a esta atividade no seio da população do concelho de Ribeira de Pena, tradições que ainda hoje se praticam constituindo momentos de reunião e de grande animação. São elas as marcas da identidade local que fazem parte da memória coletiva da comunidade.
Esta exposição surge em homenagem ao artesão Américo do Enjeitado que se inspirou nas tradições da sua terra, Cerva, para criar as peças de artesanato que aqui se apresentam. O legado que deixou reflete não apenas as principais tradições e construções da sua freguesia, mas as imagens que caraterizam todo o concelho ribeirapenense.
A Agricultura
“Em Portugal, até há
poucos decénios, as actividades agrícolas constituíam praticamente, com a pesca
e o pastoreio, as formas únicas da vida do povo; e ainda hoje elas ocupam um
lugar primordial no quadro geral da economia do país (…).”
Ernesto Veiga de
Oliveira in "Alfaia Agrícola Portuguesa"
As Vessadas
“O morgado de Linhares (…) mandava-a chamar todos os
anos infalivelmente para a sua vessada (…).”
Júlio de Lemos in "Campesinas (Quadros do Minho)"
O Vinho
“(…) na paisagem
ondulante desse amplo território, as videiras estão em todo o lado. (...) A sua
presença, ainda que geralmente dissimulada, constitui uma das mais profundas e
originais marcas da agricultura do Entre Douro e Minho.”
Manuel Carvalho in "Cores do Vinho Verde"
O Linho
“Os atoalhados e colchas de
Limões, ou de Basto (designação esta por que também são conhecidos) diferem no
entanto dos fabricados no concelho de Felgueiras; o seu aspecto é o do felpo
mecânico e são sem dúvida os mais perfeitos que se fazem no género.”
Manuel Geraldes in " Monografia sobre a Indústria do Linho no Distrito de Braga"
O Milho
No Noroeste, nada muda
facilmente. Nesse imenso território, só os Romanos e o milho foram capazes de
produzir revoluções profundas.
Manuel Carvalho in "Cores do Vinho Verde"
Os Espigueiros Os Moínhos
Cerva
“Eram seus donatários os Marqueses de Marialva. (…) É
terra muito fértil e cria muito gado e caça.”
Pinho Leal in " Portugal Antigo e Moderno – Volume Segundo"